INTRODUÇÃO
A maioria dos brasileiros não compreende que o Brasil continua a ser uma colônia e muito menos consegue perceber quais são nossos colonizadores, que não aparecem às claras. São quase que invisíveis.
Em função disto, os brasileiros não conseguem compreender o porque de decisões tomadas pelos poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) muitas vezes contrariarem aquilo que entendemos seria melhor para o desenvolvimento do país.
Na realidade é de interesse mundial, seja de esquerda ou direita, que o Brasil seja mantido como eterna colônia agrícola. Fornecedora de alimentos e matérias primas para o desenvolvimento de terceiros. Jamais é permitido um desenvolvimento próprio o que significaria crescimento industrial.
Sendo assim, o apoderamento externo de empresas como, Siderbrás, Eletrobrás, Petrobrás e Vale, são fundamentais para impedir o crescimento industrial brasileiro, transformando o país “de joelhos”, numa colônia agrícola.
Atualmente a atuação das empresas citadas (Siderbras, Eletrobras, Petrobrás e Vale) sofre influência externa, direta ou indireta, principalmente no que diz respeito a Geração de Caixa e a destinação destes recursos, se para investimentos ou distribuição de dividendos.
Desta forma, tudo aquilo que possa influenciar na Geração de Caixa destas empresas ( gastos com pessoal, benefícios, fundos de pensão, desenvolvimento ou aquisição de tecnologias entre outros) são de interesse externo.
O presente estudo visa avaliar como chegamos no atual estágio, quais são nossos colonizadores hoje e o que poderíamos fazer para tentar alcançar nossa soberania.
INICIO DA COLONIZAÇÃO
O Governo Geral, depois também conhecido como Vice-Reinado, foi criado no Brasil em 1548 por Portugal, com o objetivo de centralizar as decisões na colônia, dividida em capitanias.
Tomé de Souza foi o primeiro Governador Geral, regime que perdurou até 1808, com a vinda da família real para o Brasil.
Em 1807 Napoleão Bonaparte ameaçava invadir Portugal, que se recusou a obedecer o embargo contra a Inglaterra, imposto pelo militar francês. Nesta situação D.João VI decidiu transferir a famlia real para o Brasil, onde chegou no inicío de 1808. Tomando quase que imediatamente a providencia de abrir os portos brasileiros à nações amigas.
Este episódio e suas consequências vamos transmitir no texto histórico a seguir.
ABERTURA DOS PORTOS BRASILEIROS
A seguir texto de historiadores Mundo Educação
“Contexto da abertura dos portos: vinda da família real
A abertura dos portos brasileiros, que aconteceu em 28 de janeiro de 1808, foi a primeira grande mudança que se passou no Brasil com a vinda da família real para cá. A família real embarcou em Lisboa em novembro de 1807 e chegou ao Brasil em 22 de janeiro de 1808, trazendo milhares de pessoas e inaugurando um período de transformações profundas para a colônia.
A vinda da família real portuguesa foi uma decisão tomada pelo príncipe regente de Portugal d. João.[1]
A chegada da família real ao Brasil deu início ao Período Joanino, que se estendeu de 1808 até o ano da independência, em 1822. Esse acontecimento foi um desdobramento da disputa travada entre franceses e ingleses na Europa.
Os franceses tinham imposto, no final de 1806, o Bloqueio Continental, que proibia outras nações europeias de manterem comércio com os ingleses. Essa medida colocou Portugal em uma situação difícil, pois o príncipe regente desse país, d. João, não queria desagradar aos franceses tampouco desejava ir contra os ingleses, seus aliados.
No final de 1807, a não adesão ao Bloqueio Continental fez com que Napoleão Bonaparte enviasse tropas para invadir Portugal e punir o país por desobedecer à ordem francesa de adesão ao bloqueio. Isso fez com que d. João decidisse, de última hora, pela transferência da Corte portuguesa para o Brasil. Essa medida impediria que ele se tornasse prisioneiro dos franceses, o que afetaria a continuidade do poder dos Bragança em Portugal.
A vinda da família real portuguesa para o Brasil deu-se com a escolta de embarcações inglesas. Além de garantir o traslado dos portugueses em segurança, os ingleses se comprometeram em reconhecer os Bragança como os únicos representantes legítimos de Portugal. Em troca, os portugueses hipotecaram a Ilha de Madeira como garantia e asseguraram a abertura dos portos brasileiros.
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O que foi o decreto de abertura dos portos?
Decreto emitido por d. João que determinava a abertura dos portos do Brasil em 28 de janeiro de 1808.[2]
Até então, o Brasil estava sob o regime conhecido como pacto colonial, que determinava que mercadorias só poderiam ser levadas ou trazidas para o país por meio de embarcações portuguesas. Além disso, existia a proibição da fabricação de mercadorias manufaturadas aqui. Portanto, na prática, os portos do Brasil só eram abertos para Portugal e somente dos portugueses é que os colonos podiam comprar.
O dia 28 de janeiro de 1808 viu essa realidade ser alterada por meio de um decreto real que realizou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas de Portugal. O decreto de d. João VI dizia que poderiam ser importadas mercadorias trazidas por embarcações de países que mantivessem a paz e a harmonia com Portugal.
A abertura não era irrestrita, pois determinava que mercadorias “secas” passariam por taxação alfandegária de 24% e que mercadorias “molhadas”, como azeite doce, vinho e aguardente, seriam taxadas em dobro, isto é, 48%. Essa taxação era uma maneira de proteger as mercadorias produzidas no Brasil, pois a proibição de manufaturas na colônia seria derrubada pelo regente.
Acesse também: O que representou o Dia do Fico para a independência do Brasil?
Quais foram as consequências da abertura dos portos?
O que mudou na prática? A medida trouxe maior liberdade para os comerciantes brasileiros, que, então, puderam comerciar diretamente com estrangeiros. No entanto, a abertura dos portos fez com que o mercado brasileiro fosse dominado pelos comerciantes ingleses. As mercadorias inglesas eram abundantes e, mesmo com a taxação, tinham preços atrativos.
Quem foi prejudicado com a abertura dos portos?
Os comerciantes portugueses foram os grandes perdedores porque haviam perdido lucro com o fim do pacto colonial e agora tinham de concorrer com as mercadorias inglesas em condições de “igualdade”. A insatisfação dos portugueses com a abertura dos portos do Brasil fez o regente abaixar os impostos para mercadorias portuguesas de 24% para 16%. Além disso, só cinco portos brasileiros poderiam receber as mercadorias estrangeiras, os outros continuariam obrigados a receber embarcações somente de Portugal.
Leia mais: Política externa no Período Joanino
Como a abertura dos portos beneficiou a Inglaterra?
Como mencionado, os ingleses rapidamente tomaram conta do comércio brasileiro e a presença deles no Rio de Janeiro era significativa. O volume de mercadorias inglesas no Brasil era tão grande que as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling afirmam que até produtos inúteis para a realidade brasileira, como patins de gelo, foram enviados para cá|1|.
A abertura dos portos permitiu que as embarcações inglesas viessem ao Brasil para comerciar.
Entretanto, a dependência de Portugal em relação à Inglaterra fez com que o mercado brasileiro fosse dominado pelos ingleses. A segurança das colônias portuguesas e a recuperação do território português dos franceses estavam nas mãos dos ingleses. A contrapartida para isso foi que Portugal assinou o Tratado de Navegação e Comércio com a Inglaterra, em 1808.
Esse tratado reduzia as tarifas alfandegárias dos comerciantes ingleses de 24% para 15%, uma taxa menor que a paga pelos próprios portugueses (que era de 16%). Esse tratado tornou a concorrência para com as mercadorias inglesas absolutamente desleal. Os ingleses tinham mercadorias de melhor qualidade e mais baratas, e esse fato não permitiu que as manufaturas no Brasil se desenvolvessem como d. João desejava.”
Autor : Mundo Educação
Verificamos portanto que depois da abertura dos portos o Brasil passou a ser economicamente colonizado e subordinado à Inglaterra. A consequência disto foi a perda de oportunidade de crescimento industrial no país, sendo tudo suprido pelos ingleses.
Um claro exemplo é a indústria siderúrgica, que nos EUA se iniciou em meados do sec XIX e no Brasil só começou cerca de 100 anos depois, com a CSN.
COM O FIM DA 2ª GRANDE GUERRA TIVEMOS MUDANÇA DE CONTROLE
A segunda grande guerra terminada em 1945, dividiu o mundo em duas partes. Uma do lado americano e outra do lado russo soviético. Deu-se então à chamada “guerra fria” que perdura até hoje. O Brasil de forma natural, considerando sua posição geográfica , se posicionou ao lado dos EUA., O estabelecimento do dólar americano como padrão para o comercial mundial. Trouxe grande desenvolvimento para os americanos, que acumularam muita riqueza. A partir de 1980 com o inicio da globalização (Tatcher/Reagan), esta riqueza se espalhou pelo mundo em busca deas melhores remunerações. Assim assistimos ao crescimento dos chamados “tigres asiáticos”
A atuação destes fundos é bem retratada no artigo do professor Mauricio Abdalla, da Universidade Federal do Espirito Santo – UFES , publicado no “Le Monde”, que copiamos a seguir :
“13 pontos para embasar qualquer Análise de Conjuntura.
O complexo financeiro-empresarial quer leis totalmente favoráveis à Maximização dos lucros
Publicado: 05 Outubro, 2017 – ! Última modificação: 06 Outubro, 2017 Escrito por Maurício Abdalla, no Le monde Diplomatique
1- O foco do poder não está na politica, mas na economia, Quem comanda a sociedade é o complexo financeiro-empresarial com dimensões globais e conformações especificas locais.
2- Os donos do poder não são os políticos. Estes são apenas instrumentos dos verdadeiros donos do poder.
3- O verdadeiro exercício do poder é invisível. O que vemos, na verdade, é a construção planejada de uma narrativa fantasiosa com aparência de realidade para criar a sensação de participação consciente e cidadã dos que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.
4- Os grandes meios de comunicação não se constituem mais órgãos de “imprensa”, ou seja , instituições autônomas, cujo objeto é a notícia, e que podem ser independentes ou, eventualmente compradas ou cooptadas por interesses. Eles são, atualmente, grandes conglomerados econômicos que também compõem o complexo financeiro-empresarial que comanda o poder invisível. Portanto, participam do exercício invisível do poder utilizando seus recursos de formação de consciência e opinião.
5- Os donos do poder não apoiam partidos ou políticos específicos. Sua tática é apoiar quem lhes convém e destruir que lhe estorva. Isso muda de acordo com a conjuntura. O exercício real do poder não tem partido e sua única ideologia é a supremacia do mercado e do lucro.
6- O complexo financeiro- empresarial global pode apostar ora em Lula, ora em um politico do PSDB, ora em Temer, ora em um aventureiro qualquer da política. E pode destruir qualquer desses de acordo com suas conveniências.
7- Por isso, o exercício do poder no campo subjetivo, responsabilidade da mídia corporativa, em um momento demoniza Lula, em outro Dilma, e logo depois Cunha, Temer, Aécio, etc. Tudo faz parte de um grande jogo estratégico com cuidadosas análises das condições objetivas e subjetivas da conjuntura.
8- O complexo financeiro-empresarial não tem opção partidária não veste nenhuma camisa política, nem defende pessoas. Sua intenção é tomar as leis e a administração do país totalmente favoráveis para suas metas de maximização dos lucros.
9- Assim, os donos do poder não querem um governo ou outro à toa: eles querem, na conjuntura atual, a reforma na previdência, o fim das leis trabalhistas, a manutenção do congelamento do orçamento primário, os cortes de gastos sociais par serviço da divida, as privatizações e o alívio dos tributos para os mais ricos.
10-Se a conjuntura indicar Temer não o melhor para isso, não hesitarão em rifá-lo. A única coisa que não querem é que o povo brasileiro decida sobreo destino do país.
11-Portanto, cada notícia é um lance no jogo. Cada escândalo é um movimento tático. Analisar a conjuntura não é ler notícia. É especular sobre a estratégia que justifica cada movimento tático do complexo financeiro-empresarial (do qual a mídia faz parte), para poder reagir também de maneira estratégica.
12- A queda de Temer pode ser uma coisa boa. Mas é um movimento tático em uma estratégica mais ampla de quem comanda o poder. O que realmente importa é o que virá depois.
13- Lembremo-nos: eles são mais espertos. Por isto estão no poder.
Mauricio Abdalla é professor de filosofia na Universidade Federal do Espirito Santo.”
Os grandes fundos de investimento internacionais, de origem americana (BlackRock, Vanguard, State Street etc) tem recursos aplicados em muitos países do mundo, em valores que superam o PIB norte americano (US$ 20 trilhões)
CONCLUSÃO
Estes grandes fundos especulativos internacionais, são os neo colonizadores do Brasil. Invisíveis mas eficazes, não permitem que o país desvie de sua postura colonial agrícola, e extraem ao máximo a geração de caixa de nossas principais empresas.
Mas o fato é que se não estivéssemos sob o jugo do capital internacional estaríamos dominados pelos interesses sino-soviéticos. O que é melhor ? Tem saída ?
Hoje nos EUA temos de um lado os Democratas (Kamala Harris) que defendem o capital especulativo internacional e de outro os Republicanos (Donald Trump) que defendem o retorno deste capital para os Estados Unidos “Make America great again” “America first”
Qualqer que seja o resultado, continuaremos colônia. Talvez nossa única possibilidade de alcaçar uma verdadeira independência, seja mostrar esta realidade ao povo americano. Só o povo americano pode nos libertar.
SOBERANO BRASIL