Com mudança na mistura da gasolina, país pode virar dependente de etanol importado e o preço nas bombas pode disparar. Entenda o que está por trás dessa decisão e como isso afeta seu bolso.
O mercado de combustíveis brasileiro está prestes a passar por uma reviravolta. A proposta de aumento na mistura de etanol anidro na gasolina — de 27,5% para 30% — poderá fazer o Brasil multiplicar por mais de cinco vezes a sua importação do biocombustível, trazendo reflexos significativos para toda a cadeia produtiva e para o bolso do consumidor. O alerta vem diretamente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), que já estima um impacto imediato nas importações.
Aumento pode ultrapassar 1 bilhão de litros de etanol importado por ano
Hoje, o Brasil importa cerca de 250 milhões de litros de etanol anidro anualmente. Com a nova proposta de mistura, esse volume poderá disparar para impressionantes 1,3 bilhão de litros.
Um crescimento de mais de 400%, puxado, principalmente, pela necessidade de atender à nova exigência sem comprometer o abastecimento interno.
sso não apenas pressiona o mercado internacional, mas também acende um alerta sobre a dependência externa em um setor estratégico da economia nacional.
Mais etanol, mais dependência?
Embora o Brasil seja um dos maiores produtores mundiais de etanol, a região Norte e parte do Nordeste dependem fortemente do produto importado — principalmente dos Estados Unidos, que são grandes exportadores de etanol de milho.
Com o aumento da demanda e da mistura obrigatória, essas regiões poderão ficar ainda mais suscetíveis às oscilações de preços no mercado internacional.
Segundo a UNICA, as usinas brasileiras até têm capacidade para aumentar a produção, mas isso levaria tempo. “A curva de crescimento da produção é mais lenta do que a mudança regulatória que está sendo proposta”, explica a entidade, que defende medidas para garantir a competitividade da indústria nacional antes de qualquer alteração nas regras de mistura.
Mudança acelerada pode encarecer a “gasolina nova”
O principal receio é que, ao depender mais de etanol importado — cotado em dólar — o custo da gasolina nas bombas suba. Ou seja, o consumidor final pode acabar pagando a conta da transição, especialmente se não houver uma estratégia clara de incentivo à produção local ou controle de preços.
Apesar de o etanol ser um combustível renovável e menos poluente, a pressa em alterar sua proporção na gasolina pode gerar efeitos contrários ao que se espera, principalmente no momento em que o Brasil tenta manter a inflação sob controle.
Setor pede cautela e planejamento
A indústria sucroenergética reconhece a importância da meta ambiental e do estímulo a combustíveis limpos, mas faz um apelo por mais diálogo e planejamento. O argumento é claro: sem garantir que a produção nacional consiga acompanhar o novo ritmo, a medida pode “abrir as portas” para a entrada desenfreada de etanol estrangeiro, enfraquecendo o produtor brasileiro.
Além disso, há preocupações sobre a logística e a infraestrutura necessárias para armazenar e distribuir esse novo volume de etanol. Um aumento tão brusco pode desafiar portos, terminais e transporte, criando gargalos e encarecendo ainda mais o processo.
Parece simples mas não é!
A proposta de elevar a mistura de etanol anidro na gasolina pode parecer simples, mas seus desdobramentos são profundos. O Brasil, que sempre se orgulhou de sua autossuficiência em biocombustíveis, agora se vê diante do risco de ampliar sua dependência externa. E o consumidor, mais uma vez, pode sentir o reflexo direto nas bombas.
O debate está aberto, e as decisões tomadas nos próximos meses vão definir não apenas o futuro do etanol no Brasil, mas também o preço que você, motorista, vai pagar para abastecer seu carro.
Fonte https://clickpetroleoegas.com.br/