Relatório do Goldman Sachs se debruça sobre as preocupações dos investidores diante da nova política de adotada pela companhia
Pesquisa Genial/Quaest com 94 gestores, economistas e analistas ligados ao mercado financeiro em São Paulo e no Rio mostra rejeição à nova política de preços da Petrobras e à liderança do presidente da estatal, Jean Paul Prates. Para 97%, a política é influenciada por razões políticas.
Segundo 63% dos entrevistados, a nova forma de precificação é negativa; 31% a consideram regular, e apenas 6% acham que é positiva.
Em outro ponto da pesquisa, quando o instituto pergunta o grau de confiança dos agentes do mercado em lideranças políticas do país, Prates não é “muito” confiável para ninguém, enquanto 9% acreditam que podem confiar “mais ou menos” no presidente da Petrobras e 91% avaliam que “pouco ou nada”. Nesse aspecto do levantamento, quem se destaca é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com 72%, 22% e 6%, respectivamente.
O resultado da pesquisa vai em linha o que foi constatado no relatório do Goldman Sachs, em que se verificou que a redução recente nos preços de combustíveis voltou a levantar preocupações dos investidores se a companhia vai manter acompanhando as cotações internacionais dentro da sua nova política de precificação.
Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins escrevem que os preços do diesel caíram 33% e os da gasolina diminuíram 13% nos mercados internacionais e os preços praticados pela Petrobras estão cerca de US$ 10 dólares por barril abaixo da paridade de importação.
O banco nota que mesmo em um cenário extremo onde o barril do Brent comece a subir e a Petrobras congele preços de combustíveis, assumindo 100% da importação, o Ebitda e o fluxo de caixa da companhia permaneceriam positivo por conta da força que a companhia tem em exploração e produção.
Eles calculam que a cada aumento de US$ 10 dólares no barril sem o devido repasse, o impacto negativo no Ebitda da Petrobras seria em US$ 1,5 bilhão e de US$ 1,1 bilhão no fluxo de caixa, mesmo com a empresa assumindo a importação total das distribuidoras.
Isso acontece porque a Petrobras hoje produz mais petróleo, 2,1 milhão de barris por dia no primeiro trimestre, do que vende refinados no mercado, 1,7 milhão de barris por dia até março, com 65% desses produtos sendo gasolina e diesel, mais expostos a uma possível intervenção nos preços.
Os analistas mantêm perspectiva positiva para a Petrobras, vendo riscos de uma intervenção mais pesada do governo como baixas, e as ações sendo negociadas a múltiplos atrativos. Eles assumem que o preço dos combustíveis ficará, em média, 5% abaixo do preço de paridade internacional.
O Goldman Sachs tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 18,10 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 33,5% sobre o fechamento de ontem.
Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico