FALA SÉRIO 115 – PT, CUT e FUP: três siglas, uma única origem

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Escrito por Cláudio da Costa Oliveira – dezembro de 2025

1 – INTRODUÇÃO

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi formalmente criada em 29 de junho de 1993, durante o II Congresso Nacional dos Trabalhadores do Sistema Petrobras, realizado em Santos (SP). Inicialmente denominada Federação Única Cutista dos Petroleiros (FUCP), sua criação atendeu à necessidade de unificar, em nível nacional, a representação sindical dos petroleiros, superando a fragmentação e as disputas internas que enfraqueciam a categoria.

A FUP é fruto direto da evolução do movimento sindical petroleiro desde a criação da Petrobras, em 1953. Surge como resposta à demanda por um sindicalismo mais representativo e democrático, rompendo com estruturas que já não expressavam adequadamente os interesses dos trabalhadores do Sistema Petrobras.

Essa trajetória não pode ser compreendida isoladamente. Ela está intimamente ligada à criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), fundada em 28 de agosto de 1983, durante o 1º Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), realizado em São Bernardo do Campo (SP), berço das grandes greves do ABC paulista.

A CUT nasceu:

  • No contexto da abertura política do regime militar
  • Como reação ao sindicalismo oficial, atrelado ao Estado
  • Com a proposta de um sindicalismo combativo, democrático e independente

Poucos anos antes, em fevereiro de 1980, era criado o Partido dos Trabalhadores (PT), fundado por:

  • Sindicalistas
  • Intelectuais
  • Setores progressistas da Igreja (Teologia da Libertação)
  • Movimentos populares

A ideia central era simples e poderosa: os trabalhadores precisavam de um partido próprio. Assim, o PT tornou-se o braço político desse novo sindicalismo que emergia no país. CUT, PT e, mais tarde, a FUP, compartilham, portanto, a mesma matriz histórica, política e ideológica.

2 – NEGOCIAÇÕES SALARIAIS DE 2025

Esse vínculo histórico entre PT, CUT e FUP ajuda a explicar os limites das negociações salariais em 2025, com o PT novamente no comando do governo federal. A proximidade política, que em tese poderia fortalecer a posição dos trabalhadores, na prática tem funcionado como freio às mobilizações.

Mesmo diante de argumentos sólidos — como os baixos investimentos da Petrobras nos últimos anos e os elevados dividendos pagos aos acionistas — as negociações têm sido marcadas por:

  • Greves de curta duração
  • Pautas rebaixadas
  • Exigências mínimas, claramente pensadas para “não criar dificuldades” ao governo

Atualmente, a Petrobras conta com cerca de 40 mil trabalhadores na ativa e aproximadamente 70 mil aposentados. Diante da excelente situação financeira da empresa, a proposta de 0,5% de reajuste para os trabalhadores da ativa chega a ser ofensiva. Para os aposentados, a situação é ainda mais grave: foi anunciada uma suposta “carta proposta”, com prazo de oito meses para estudos, que nunca foi oficialmente divulgada. Trata-se, na prática, de uma “carta fantasma”.

Enquanto isso, a empresa segue gerando caixa em níveis recordes. Bastaria uma paralisação da produção no campo de Búzios, hoje com cerca de 1 milhão de barris por dia — e com isenção total de Participação Especial — para que a Petrobras fosse obrigada a sentar à mesa e negociar com seriedade. Mas essa possibilidade sequer é considerada.

3- CONCLUSÃO

A história comum de PT, CUT e FUP explica muito do que vivemos hoje. O sindicalismo que nasceu combativo, enfrentando o Estado e o capital, passou a atuar de forma autocontida quando seu braço político chegou ao poder. O resultado é um movimento sindical que, ao tentar proteger o governo, acaba desprotegendo os trabalhadores.

Defender a Petrobras, o emprego e os direitos dos petroleiros não pode significar aceitar reajustes simbólicos, promessas vazias e negociações sem enfrentamento. Sindicato não é extensão de governo, e partido não pode substituir a luta de classe.

Resgatar a essência do sindicalismo que deu origem à CUT, ao PT e à FUP é hoje uma necessidade urgente. Sem autonomia, sem mobilização real e sem disposição para o conflito, os petroleiros continuarão pagando a conta — mesmo quando a empresa bate recordes de lucro.

Comentários, duvidas, criticas contate : soberanobrasiles@gmail.com

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