Como identificar se o óleo do motor foi adulterado?

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Especialistas explicam sinais de degradação, limites da inspeção visual e cuidados na escolha do lubrificante

óleo do motor é essencial para o funcionamento do carro, garantindo lubrificação do sistema de propulsão, redução do atrito, controle da temperatura e manutenção do motor limpo. Ele retém partículas de combustão e evita a formação de depósitos que poderiam comprometer componentes internos. E Autoesporte ensina como identificar se o componente está alterado

Apesar de sua importância, não é tão simples seguir os padrões de manutenção exigidos para o bom funcionamento, seja por desconhecimento dos consumidores e oficinas ou pela grande circulação de produtos adulterados no Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), cerca de 20% dos lubrificantes vendidos no país podem estar adulterados, por isso, além de seguir rigorosamente o que é recomendado pela montadora, é importante saber observar sinais de adulteração nos lubrificantes e evitar maiores riscos.

Para orientar os motoristas, Autoesporte conversou especialistas para ajudar na identificação de possíveis adulterações em produtos e como se proteger em caso de aplicação de um óleo fora do padrão.

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Alterações visuais e físicas

Danilo Sad, gerente de Marketing de Aditivos da Lubrizol América Latina, destaca que “o principal sinal visual de alteração do óleo é o escurecimento excessivo, que pode indicar oxidação ou acúmulo de resíduos da combustão”. Ele reforça que a presença de partículas metálicas ou sujeira na vareta de medição pode apontar desgaste de componentes como mancais, pistões ou engrenagens.

aspecto do óleo também é relevante: óleos com aparência leitosa geralmente estão contaminados por água ou líquido de arrefecimento, formando emulsão que compromete a lubrificação. Clayton Zabeu, professor de engenharia mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia complementa: “A textura do óleo, ou seja, sua viscosidade, só pode ser avaliada com precisão em laboratório; o toque manual não é suficiente para identificar variações sutis”.

Thiago Vega, gerente de Desenvolvimento de Produtos da Vibra acrescenta que mudanças abruptas de cor, associadas a cheiro forte ou textura incomum, podem indicar degradação acelerada ou contaminação. Além disso, a formação de borra ou depósitos é um indício de que o óleo já não desempenha sua função de forma adequada.

odor do óleo também oferece pistas importantes. Sad explica que “cheiro de combustível indica contaminação por gasolina ou diesel, odor de queimado sugere sobreaquecimento e odor adocicado pode revelar presença de líquido de arrefecimento”, reforçando que todos esses sinais devem ser avaliados com atenção.

Limites da inspeção caseira

Verificar o nível e o aspecto do óleo com a vareta é uma prática simples, mas limitada. Zabeu observa que “queda de volume pode indicar vazamento ou desgaste, enquanto aumento pode sinalizar contaminação por combustível ou líquido de arrefecimento”. No entanto, isso não confirma adulteração ou degradação química do lubrificante, que só pode ser identificada em laboratório.

Na ponta da vareta que faz a medição do óleo, é possível ver marcadores que indicam se o volume está adequado ao veículo — Foto: Pixaay
Na ponta da vareta que faz a medição do óleo, é possível ver marcadores que indicam se o volume está adequado ao veículo — Foto: Pixaay

Vega explica que “análises laboratoriais permitem medir viscosidade, acidez, contaminação por água ou combustível e presença de metais provenientes do desgaste interno do motor”. Sad complementa que “mesmo óleos aparentemente normais podem ter alterações químicas que comprometem a eficiência, por isso a inspeção caseira deve ser vista apenas como medida preventiva”. Esse cuidado ajuda a detectar problemas iniciais antes que o motor sofra danos mais graves, oferecendo maior segurança para o veículo e para o condutor.

Causas de degradação precoce

O óleo pode se degradar antes do intervalo recomendado por diversos fatores. Zabeu explica que “combustível de baixa qualidade ou adulterado aumenta a diluição do óleo e acelera a formação de depósitos”. Motores que funcionam em condições severas de operação, como tráfego intenso, partidas frequentes e altas cargas, tendem a apresentar maior desgaste do lubrificante.

Sad complementa que falhas mecânicas também influenciam: “Problemas como junta de cabeçote com falha ou desgaste de anéis permitem que líquidos e resíduos de combustão entrem no óleo, comprometendo sua função de proteção do motor”. Ele reforça que a escolha do óleo correto e o uso de combustíveis de qualidade são fundamentais para prevenir degradação precoce.

Além disso, Sad destaca que “óleos formulados com aditivos adequados, como detergentes e dispersantes, protegem contra oxidação, borra e desgaste, sendo essenciais para a durabilidade do motor, principalmente em uso urbano e rodoviário”.

Consequências de usar óleo adulterado

Rodar com óleo adulterado ou degradado pode causar sérios danos. Vega explica que “a lubrificação insuficiente aumenta o atrito entre peças críticas, acelerando o desgaste e elevando a temperatura de operação do motor”. Zabeu reforça que “a formação de borra e depósitos pode obstruir canais de lubrificação, prejudicando a refrigeração interna e reduzindo a eficiência do veículo”.

Óleo adulterado pode causar falhas no motor do carro — Foto: Getty Images

Sad alerta que “um óleo alterado compromete o desempenho do motor, aumentando consumo de combustível, desgaste prematuro, risco de superaquecimento e até falhas mecânicas graves”. Além disso, produtos falsificados podem prejudicar outros sistemas vitais, como transmissão e direção, colocando em risco a segurança do veículo.

Prevenção e boas práticas

Para se proteger, é essencial adquirir lubrificantes apenas em revendedores confiáveis. Zabeu comenta que “preços muito abaixo do mercado podem indicar produtos falsificados, e é essencial seguir as especificações do fabricante quanto à viscosidade, classificação técnica e intervalos de troca”. Vega acrescenta que “a inspeção periódica do óleo ajuda a identificar sinais iniciais, mas não substitui análises laboratoriais em caso de suspeita de adulteração”.

Importante comprar de revendores confiáveis e suspeitar de preços muito abaixo do mercado, por exemplo — Foto: Jeffrey Greenberg/Getty Images
Importante comprar de revendores confiáveis e suspeitar de preços muito abaixo do mercado, por exemplo — Foto: Jeffrey Greenberg/Getty Images

Sad reforça que “os lubrificantes devem atender às normas do fabricante e possuir aditivos adequados para garantir proteção, durabilidade e eficiência energética. Óleos com baixo teor de cinzas, fósforo e enxofre (low SAPS) protegem catalisadores e filtros de partículas, sendo indispensáveis para motores modernos”. Ele conclui que “a escolha correta do lubrificante evita desgaste prematuro, falhas mecânicas e perda da vida útil do motor”.

A observação visual do óleo é apenas um alerta inicial. Para proteger o motor, é necessário usar lubrificantes confiáveis, respeitar as especificações do fabricante e realizar inspeções periódicas. Como resume Zabeu: “O óleo escuro não é problema; o verdadeiro risco está em confiar em produtos sem procedência”. Sad reforça que “seguir corretamente as recomendações do fabricante e utilizar lubrificantes com formulação adequada é a forma mais eficaz de preservar o motor e a eficiência do veículo”.

Fonte https://autoesporte.globo.com/

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