Com a proposta de aumentar o teor de biodiesel no diesel gradativamente até 2026, passando dos 10%, o risco de problemas nos motores aumentará significativamente
Pode anotar aí: motor movido a diesel vai voltar a apresentar problemas no Brasil. Se você tiver outra opção, evite comprar um veículo com motor a diesel. Porque é inacreditável, mas explicável, a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Ministério de Minas e Energia, em concordar com a pressão pelo aumento do teor de biodiesel no diesel, de 10% para 12%, agora em abril.
A ideia é chegar em 13% em 2024, 14% em 2025 e 15% em 2026. O biodiesel é um combustível limpo produzido a partir de grãos. Contribui para o desenvolvimento econômico, geração de empregos e limpeza da atmosfera. Então qual é o problema?
O percentual de biodiesel no diesel já havia chegado a 13% em 2021 e o resultado foi caótico. Filtros e bicos injetores entupidos com a borra do combustível. O biodiesel não pode ficar armazenado durante semanas porque ele é higroscópico, ou seja, absorve água e forma borra no fundo do tanque. E é essa borra que entope motores de caminhões, SUVs e ônibus, das bombas de abastecimento nos postos e até geradores em hospitais, gerando grande risco.
No governo Bolsonaro o teor de biodiesel no diesel foi reduzido de 13% para 10%, não pelos problemas técnicos, mas porque o litro do biodiesel custa o dobro e aumenta o preço do diesel na bomba. Agora, no governo Lula, por que o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e todo o CNPE se curvaram diante da pressão pela volta para o B12 e, progressivamente, até o B15, em 2026?
Foi o lobby dos produtores do biodiesel, amparado pela poderosa bancado do setor agropecuário no Congresso. A decisão foi tomada no último dia 17 de março, mesmo condenada pelas montadoras através da Anfavea, pela Fecombustíveis em defesa dos postos, pela Fenabrave preocupara com as milhares de reclamações nas concessionárias. Todos contrários ao teor do biodiesel no diesel acima de 10%.
A solução existe. Um outro biocombustível, também obtido de grãos: o óleo vegetal hidrotratado (HVO), também chamado diesel verde. E que pode ser usado até puro no motor. Mas tem custo mais elevado pelo tratamento com hidrogênio, o que exigiria investimento dos produtores. E pra que investir se basta uma canetada do governo?
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