Área de fronteira, localizada no litoral Norte e Nordeste, tem reserva estimada em 30 bilhões de barris. Petrobras tem acordo de intenção com a Shell para exploração da área
A polêmica margem equatorial, no litoral das regiões Norte e Nordeste do Brasil, entre os estados de Amapá e Rio Grande do Norte, pode ter reservas de 30 bilhões de barris de petróleo. Isso pode elevar a produção em 1,106 mil barris por dia a partir de 2029, de acordo com estudo feito pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
A exploração de petróleo nessa região é alvo de críticas de ambientalistas por concentrar grande quantidade de espécies de flora e fauna marinha, mas o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é um entusiasta do projeto.
- Na Margem Equatorial: O clima no Ibama em função do licenciamento de bloco para Petrobras
- Venda de ativos: Mudança na Petrobras coloca em risco R$ 40 bi de investimento de ‘junior oils’
De acordo com o Outlook 2023, feito pela CBIE, a projeção de produção na Margem Equatorial foi feita com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Após Total e BP desistirem de explorar a área com a Petrobras, a estatal anunciou recentemente acordo de intenções com a Shell para formar nova parceria.
A Guiana, por exemplo, vai ter produção de 1,5 milhão de barris por dia ate 2030. Hoje, a produção de petróleo no pais vizinho já é de 260 mil barris por dia. Segundo Pedro Rodrigues, sócio e fundador da CBIE, essa área não pode ser abandonada. É importante definir o que será feito na Margem Equatorial apesar das discussões envolvendo o meio ambiente.
Segundo a CBIE, foi usado ainda um fator de recuperação da reserva de cerca de 25%, abaixo da média nacional de 35%. Para a CBIE, esse patamar conservador foi feito já que a Margem Equatorial é uma área considerada de nova fronteira.
Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e CEO da Shell, Wael Sawan, firmam acordo para ampliar parcerias entre as duas empresas — Foto: Divulgação/Gustavo Galbatto/Petrobras
Hoje, o Ibama ainda não concedeu licença para que a Petrobras inicie as atividades de exploração no primeiro poço, chamado de Amapá Águas Profundas, a 160 quilômetros da costa. No fim do ano passado, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobras firmaram um acordo para aumentar os investimentos na Margem Equatorial, o que preocupa a atual gestão do Ministério do Meio Ambiente, chefiado por Marina Silva.
— O pré-sal já tem muitas áreas contratadas. A Margem é uma nova área que precisa ser olhada se o país quer continuar crescendo na área de produção de petróleo. E como a Margem podem existir outras áreas. O Governo precisa dar esse norte. A discussão ambiental e o aumento do preço do petróleo serão determinantes para o sucesso das atividades da Margem Equatorial — explica Rodrigues.
Com a entrada da Margem Equatorial, o Brasil poderia atingir o pico de produção de petróleo em 2029, entre 5,8 milhões e 6,9 milhões de barris por dia de petróleo. Segundo a CBIE, ao citar dados da Empresa de Pesquisa Energetica (EPE), o pré-sal deve entrar em declínio a partir de 2030, mas ainda deve responder por 80% da produção total, na casa dos 5 milhões de barris diários.
Petrobras: Veja alguns dos ativos que tiveram a venda suspensa
Além da questão ambiental, o preço do petróleo será determinante para estimular o desenvolvimento da área. A expectativa do preço do barril do petróleo para 2023 é de U$75 a U$80 neste primeiro semestre, mas pode chegar a US$100 no segundo semestre deste ano. Com isso, a média no ano será de US$87,61, uma queda de 9,9% em relação à cotação do ano passado.
O fator Rússia e a perspetiva de redução do crescimento da economia dos EUA e da China podem pressionar os preços do petróleo, segundo Rodrigues.
- Após vender gasodutos: Petrobras vai voltar a investir em infraestrutura de gás
O estudo também aponta que o Brasil precisa investir em ampliação de capacidade de refino. Segundo o Outlook 2023, o Brasil corre o risco em 2029 de ter carência de derivados.
O reajuste esperado dos preços de gasolina e diesel, com base nas expectativa de cotações do dólar e petróleo neste ano , seria de 7,8% para esse ano, em média . Segundo Rodrigues, entender como será a política de preços da estatal será essencial para entender o que vai acontecer ao longo do ano.
—O governo vem questionando a PPI (politica de preços de importação), mas é preciso entender como isso ficará a partir de maio, quando a empresa já ter o novo conselho. É quando a PPI será testada — disse Rodrigues.
O Outllok traça ainda perspectivas para o setor de gás, biocombustíveis e energia elétrica.
Fonte o Globo