Especialista explica como proceder depois de identificar o problema
O combustível é uma das partes mais importantes de um automóvel. Portanto, abastecer com um produto de qualidade é crucial para garantir um bom desempenho e prolongar a vida útil de um carro. O problema é que algumas pessoas acabam abastecendo seus veículos com gasolina ou etanol adulterados sem nem saberem e acabam percebendo apenas quando falhas aparecem.
Em alguns casos, os donos podem até confundir as manifestações com problemas mecânicos. Pensando nisso, Autoesporte conversou com Gilberto Pose, especialista em combustíveis da Raízen, para mostrar cinco sinais de que um combustível está adulterado. Veja abaixo:
1- Dificuldade na partida a frio
Se você liga o seu carro e o motor gira, mas não entra em funcionamento, é melhor tomar cuidado — principalmente se isso acontecer pela manhã, que é quando o motor leva mais tempo para esquentar. De acordo com Pose, esse “pode ser um sintoma de combustível adulterado com algum produto mais pesado, que dificulte a formação de vapores leves, que são os responsáveis pela partida a frio”.
É claro que esse também pode ser apenas um sinal de problema nas velas de ignição ou até nas bobinas. Por isso, é preciso ficar atento aos demais fenômenos e sempre levar o veículo em oficinas mecânicas ou concessionárias para uma avaliação técnica.
2- Marcha lenta irregular
Outra ocorrência comum relacionada a adulteração é a marcha lenta. Isso acontece quando a rotação do veículo aumenta e diminui enquanto o motorista está parado no trânsito. Quando há mostrador de marcha lenta no carro, basta observar se há uma oscilação maior do ponteiro. Nestes casos, segundo o especialista, é possível que um produto de peso intermediário tenha sido adicionado ao combustível.
3- “Engasgo” nas acelerações
Se você percebe uma falha na aceleração quando vai começar a dirigir o seu carro em marcha lenta, ou seja, saindo de um estacionamento ou na abertura de um semáforo, saiba que esse pode ser mais um sinal de contaminação no combustível. “É como se ocorresse uma interrupção no fluxo de combustível, popularmente conhecida como buraco na aceleração”, esclarece Gilberto Pose.
Nestas situações, é importante checar se há alguma falha no sistema de alimentação de combustível e verificar o estado da bomba, dos carburadores, dos bicos injetores e dos filtros. Em outros casos, o problema pode estar até nas tubulações que levam o combustível do tanque ao motor.
4- Pré-ignição
Todos os motores exigem um certo nível de octanagem. Isso, basicamente, é um índice de resistência do combustível à queima espontânea. Em veículos de baixa cilindrada e de tecnologia flex, o recomendado é que a octanagem mínima seja de 93 RON, por exemplo. Para modelos de alto desempenho, a gasolina de no mínimo 97 RON deve ser utilizada. No entanto, nem sempre isso acontece da forma recomendada.
“Alguns solventes irregularmente presentes nos combustíveis, utilizados como adulterantes, podem alterar a octanagem para valores mais baixos que os mínimos recomendados, e isso causa a batida de pino, que ocorre quando a octanagem do combustível utilizado não atende as situações mais severas de aceleração e carga impostas ao veículo”, explica Pose.
Mas como identificar o problema? Basta checar o estado e funcionamento do sensor de detonação, que é uma espécie de “escuta do motor”. Esse equipamento também dá sinais de falhas: acionamento da luz da injeção, emissão de sons pelo motor, vibrações e falha na ignição, e odor de queimado, por exemplo.
5- Elevação do consumo
Todos os sinais citados acima também acabam interferindo no consumo de combustível dos carros de forma negativa. Como os fenômenos fazem o motor ter um funcionamento irregular, é de se esperar que os automóveis gastem mais gasolina ou etanol do que o normal. Portanto, além da piora no desempenho, os motoristas ainda precisam gastar mais nos postos.
O que fazer depois de identificar adulteração no combustível?
Além disso, Gilberto Pose ainda deixa claro que o melhor a fazer é não usar o restante do combustível presente no tanque. Algumas pessoas preferem consumir tudo por causa do custo, mas, segundo o especialista, o dono do veículo pode gastar ainda mais dinheiro com manutenção.
Se a adulteração do combustível for realmente confirmada, o recomendado é que uma drenagem completa seja feita no tanque do veículo. Esse serviço, aliás, precisa ser feito por um mecânico especializado.