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O medo de ser Soberano

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Os séculos de escravidão legal e de um modo de escravidão não tão oficial assim que percorrem toda história do Brasil,

após a chegada dos europeus, também fizeram mal aos escravistas. Claro que não na mesma intensa crueldade e desrespeito ao humano que causou aos escravos. Mas, como assinalam diversos estudiosos do comportamento humano, individual e social, atingindo os senhores e os comerciantes de escravos.

O que é denominado neoliberalismo, para sociedade brasileira hodierna, absorve esta identidade escravista da elite dirigente, melhor diria das elites e seus representantes, na forma da irresponsabilidade em assumir suas obrigações com o País e com a Sociedade.

A recente entrevista com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sintetizada em duas páginas do caderno Economia & Negócios (B6 e B7) de O Estado de S. Paulo (08/02/2022), é bem um exemplo deste mal escravista que acompanha o poder local brasileiro.

Poder local, obviamente, porque a covardia destas famílias, destas pessoas que governam o País, não permite que o Brasil tenha sua afirmação Soberana. Como temos escrito em numerosos artigos, sempre fomos um Estado Colonial, com a exceção do Governo Provisório – 1930-1933, do Estado Novo – 1934-1945 e episódicos e pontuais momentos históricos com João Goulart e Ernesto Geisel.

O efetivo governo do Brasil está nos gestores de ativos, no sistema financeiro internacional, que compra, corrompe, suborna e chantageia aqueles que tenham alguma capacidade decisória no Brasil. E o fazem para que este riquíssimo País fique a eterna colônia, provedora de seus enriquecimentos, do empobrecimento do povo brasileiro, e, o que é o toque de maldade, ignorante do que aqui acontece.

Neste mesmo exemplar citado do Estadão está a notícia do avanço da analfabetização das crianças brasileiras na manchete: “Número de crianças de 6 a 7 anos sem saber ler cresce 66%”.

Nada disso está ocorrendo por acaso. Apenas o projeto não é brasileiro, pois temos a elite covarde, ignorante, escravista.

É o projeto para o Brasil das finanças internacionais, ou seja, o decálogo do “Consenso de Washington” aplicado a nosso País.

Acompanhemos algumas passagens da entrevista.

“Acho profundamente desonesto ignorar o impacto da pandemia – uma crise sanitária de proporções nunca vistas antes (sic), em que 600 mil pessoas perderam vidas e empresas foram destruídas – na agenda econômica”.

Além do tosco vernáculo, o ministro se coloca na posição de ignorante ou de desonesto, que atribui a seus eventuais críticos; porém, como está na expressão popular, Freud explica.

Cada vez se torna mais forte a convicção, entre os profissionais da área de saúde, da geração do vírus causador da pandemia em laboratório. Entre as muitas evidências está a multiplicidade de combinações a cada nova “leva infecciosa”.

Há mais de cinco anos, em artigos e conversas com a jornalista e grande escritora gaúcha Tania Faillace, já analisávamos a “necessidade” da redução populacional como objetivo das finanças internacionais. Ela estimava que dos cerca de sete bilhões, para conter a pressão demográfica à concentração de renda, a humanidade estaria reduzida a menos de dois bilhões de habitantes. Ora, só a guerra não seria capaz desta “façanha”; era evidente a produção de vírus com elevada capacidade de causar mortes. E, como já era amplamente conhecido, todas grandes empresas farmacêuticas, que não fossem estatais, tinham seu controle acionário pelos gestores de ativos.

Não é compatível com um pós-graduado pela Universidade de Chicago ignorar que a avassaladora concentração de renda, tanto ou tão perto do vírus, fechou empresas (destruindo, entendemos, não é o termo adequado), provocou mortes por fome e desnutrição e aumentou substancialmente a miséria, exigindo mais do que o reforço repressivo para não surgir uma revolta popular.

“Mesmo que o Brasil tenha constatado a corrupção no sistema político, orgânica, sistêmica, e uma estagnação econômica de três, quatro décadas, mesmo com o mensalão, o petróleo, é surpreendente que a elite brasileira ainda não tenha compreendido a necessidade de fazer essa transição incompleta, a transformação estrutural do Estado”.

Nesta resposta, Guedes ou nos toma por imbecis, o que em se tratando da citada “elite brasileira” nem a ele parece surpreender, ou toda adjetivação, em nova manifestação com precário uso do idioma, é apenas isso mesmo, adjetivos sem substantivos.

Afinal não se pode imaginar que um emissário do sistema financeiro vá criticar exatamente o sistema financeiro. Vejamos as datas. Trinta ou quarenta anos, ou seja, desde a “redemocratização”, da “Nova República”. Seriam os dirigentes militares mais honestos? Não pensamos assim, eram tão suscetíveis de suborno quanto os civis, e, apenas protegidos pela censura, poucos e por demais evidentes casos chegaram ao conhecimento dos cidadãos.

É que as finanças assumem o Brasil exatamente com as desregulações dos anos 1980 e o Consenso de Washington (1989), como já expusemos. Logo não é por acaso, mais pelo domínio das finanças que a corrupção se espalha nestes 40 anos pelo País. E a elite, também cínica, com uma das mãos recebe o suborno e com a outra aponta para os defensores dos mais necessitados, para os acusar de “populistas”, palavra de diversos significados políticos.

Ocorre igualmente uma contradição, que o doutor em economia deveria ter estudado. Os objetivos da medrosa elite brasileira em alguns momentos colidem com seus gestores. E o Estado é um deles. Nesta estrutura atual de Estado, além de resguardar vantagens, propinas, salários e pensões, a elite tem também o instrumento formal, legal, de repressão, de opressão, de escravização. Logo, a ausência do Estado, sua inoperância, sua condição de mínimo, colide com o interesse da elite. Ora, doutor!?

Apenas uma observação para concluir. O déficit fiscal, instrumento de avanço das finanças no Estado é cuidadosamente ampliado pelos gestores locais e representantes das finanças. Ou não seria transformado em lei o assalto que o sistema bancário aplica cotidianamente nas contas dos depositantes – Lei 14.185/21, de 14 de julho de 2021, ano II da pandemia.

Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

Fonte: AEPET

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