FALA SERIO 109 Brasil: Colônia do Presente, Visão do Futuro

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Por Claudio da Costa Oliveira novembro 2025

A) O Brasil nunca completou seu próprio nascimento

O Brasil segue colônia porque não cumpriu as duas tarefas mínimas de todo país: formar um povo e edificar uma nação. Há milhões de habitantes, mas falta unidade de propósito. Há um território imenso, porém sem projeto comum. Somos população, não povo; mapa, não nação — e isso vem de longe.
A colonização portuguesa não veio para construir sociedade; veio para extrair. Instalou dependência, submissão e desigualdade como regras. Os jesuítas, com uma educação de obediência e hierarquia, reforçaram a negação da autonomia. Aprendemos a obedecer ordens — não a traçar caminhos.
O resultado: um gigante fácil de dominar. Sem povo unido e sem nação firme, potências externas se impõem: hoje uma colonização “soft” (cultura, dólar, tecnologia) que molda a mente; amanhã uma colonização “hard” (contratos, infraestrutura) que molda o chão. O Brasil permanece no meio, sem comando e sem direção.
Só deixaremos de ser colônia quando existir um povo que se reconheça e uma nação com projeto comum. Até lá, seremos aquilo que sempre fomos: um território administrado por outros.

B) Protótipo do futuro?

Fala sério: tratam o Brasil como colônia porque aqui nunca foi preciso sangrar para existir. Enquanto nações se forjaram no conflito, crescemos no “vai levando”, no jeitinho, na missa que ensinava silêncio. Quem não aprende a lutar, aprende a aceitar — e assim viramos quintal: de Portugal, depois da Inglaterra, hoje dos EUA. Amanhã? De quem ofertar o preço mais baixo.
Mas e se invertermos a pergunta: e se o Brasil, no seu jeito torto, estiver mais perto de um futuro desejável do que do passado que nos oprime? Pense:
– Enquanto o mundo definiu identidades na dor, misturamos raças.
– Enquanto sociedades se fortaleceram na violência, aprendemos a conviver pela improvisação.
– Enquanto outros medem poder pela força, o brasileiro negocia, conversa, dribla.
É defeito — sem dúvida. Mas também é um tipo de experiência social que o planeta busca: diversidade, menor violência, convivência. O mundo caminha vagarosamente para isso; o Brasil já é um rascunho desorganizado dessa possibilidade.
Então a pergunta incômoda permanece: somos fracos ou somos protótipo? Atraso ou adiantamento? Talvez o problema não tenha sido a falta de guerra, mas a falta de propósito — de disciplina, de projeto, de vontade coletiva que transforme miscigenação em identidade e convivência em nação.
Se o futuro humano for mais pacífico, diverso e cooperativo, o Brasil — com todos os seus vícios e improvisos — pode não ser exceção: pode ser um rascunho malfeito, porém real, do que virá.

C) Conclusão

O Brasil vive entre duas verdades contraditórias: foi forjado como colônia e, ao mesmo tempo, pratica hoje gestos que o mundo tenta inventar. Para deixar de ser colônia não bastam críticas ou saudosismos — é preciso projeto. É preciso transformar convivência em identidade, miscigenação em pertencimento, improviso em disciplina cívica.
Se permanecer sem projeto, seguiremos administráveis por outros. Se buscar propósito e trabalho coletivo, poderemos virar algo novo: não o ápice de um passado heroico, mas a forma imperfeita de um futuro que merece ser pensado e concretizado.
Fala sério: talvez o desafio maior não seja decidir se somos atraso ou protótipo, mas escolher — de fato — quem queremos ser. 

Dúvidas, criticas : soberanobrasiles@gmail.com

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