O país ultrapassou os Estados Unidos em 2014 e segue no topo do ranking do PIB por paridade de poder de compra, mas seus desafios estruturais levantam dúvidas sobre a sustentabilidade desse posto
A China mantém a posição de maior economia do mundo em poder de compra, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), após ter ultrapassado os Estados Unidos entre 2014 e 2015. O cálculo, feito com base no Produto Interno Bruto (PIB) por paridade de poder de compra (PPC), ajusta o valor da produção pelo custo de vida local, revelando a real capacidade produtiva da economia.
Esse avanço foi resultado de um processo histórico de reformas, abertura ao capital estrangeiro e industrialização acelerada. Contudo, especialistas apontam que, embora o país lidere pela métrica de PPC, enfrenta problemas internos graves, como a crise imobiliária, a desigualdade social e o envelhecimento populacional, que colocam em xeque a solidez de seu crescimento.
O que significa ser a maior economia em poder de compra
O PIB por paridade de poder de compra compara o que um mesmo valor monetário pode comprar em diferentes países.
Na prática, um dólar tem mais poder de compra na China do que nos Estados Unidos, elevando o peso da economia chinesa nesse cálculo.
Essa métrica, embora útil para avaliar padrões de vida internos, é menos relevante para medir influência financeira global, dominada pelo PIB nominal e pelo dólar como moeda de referência.
Assim, embora a China seja líder em PPC, seu PIB nominal ainda é inferior ao americano.
Além disso, o PIB per capita chinês segue em nível de país em desenvolvimento, o que mostra o contraste entre o tamanho absoluto da economia e a renda média da população.
Da estagnação ao salto econômico
Após décadas de isolamento sob Mao Tsé-Tung, a virada ocorreu em 1978 com as reformas de Deng Xiaoping.
O modelo de “socialismo de mercado” combinou o controle estatal com abertura para investimentos estrangeiros, atraindo capital e tecnologia.
Com a criação das Zonas Econômicas Especiais, a industrialização acelerou, transformando o país na “fábrica do mundo”.
A entrada na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, consolidou a integração da China às cadeias globais de produção.
Entre 1980 e 2017, o PIB chinês cresceu quase 40 vezes, sustentado por mão de obra abundante, infraestrutura massiva e urbanização acelerada.
Da fábrica do mundo à busca pela inovação
O modelo baseado em exportações começa a dar sinais de esgotamento.
Por isso, a China investe cada vez mais em tecnologia e consumo interno como motores de crescimento.
O Vale do Silício chinês, em Shenzhen, é exemplo da transição para setores de ponta, como inteligência artificial, 5G e veículos elétricos.
Ao mesmo tempo, a expansão da classe média criou um dos maiores mercados consumidores do planeta.
Serviços, comércio eletrônico e finanças digitais têm se tornado pilares do novo ciclo de crescimento, ampliando o peso do mercado interno.
Desafios que ameaçam a liderança
Apesar do sucesso, a China enfrenta um cenário desafiador.
A crise imobiliária expôs fragilidades estruturais, com grandes incorporadoras endividadas e queda no valor dos imóveis.
O setor, que já representou até 30% do PIB, hoje é visto como risco sistêmico.
Outro problema é o envelhecimento populacional.
A queda na taxa de natalidade e o aumento da população idosa reduzem a força de trabalho, pressionando a previdência e freando o consumo.
A desigualdade de renda, a guerra comercial com os Estados Unidos e as questões ambientais completam a lista de obstáculos à continuidade da expansão.
A liderança da China como maior economia do mundo em poder de compra simboliza sua ascensão histórica, mas os problemas internos mostram que a trajetória não é linear.
O equilíbrio entre inovação, consumo doméstico e estabilidade social será decisivo para o futuro do país.
Fonte https://clickpetroleoegas.com.br/