Etarismo é o termo utilizado para se referir a discriminação contra pessoas com 60 anos ou mais. A prática causa inúmeras desvantagens, injustiças e até rivalidade com os mais jovens
Você sabe o que é etarismo? O termo é utilizado para se referir a discriminação contra pessoas com 60 anos ou mais. A prática causa inúmeras desvantagens, injustiças e até rivalidade com os mais jovens. Alguns idosos também relatam dificuldades em comprar a prazo e realizar financiamentos, o que gera um sentimento de invisibilidade.
O aposentado Carlos Alberto Bolini, de 79 anos, vivenciou uma situação constrangedora. Em janeiro deste ano, ele decidiu que queria comprar um carro e foi até a concessionária acompanhado dos filhos. No entanto, na hora da compra, ele se sentiu excluído da negociação porque os vendedores deram atenção apenas aos filhos dele.
“A conversa foi direcionada aos meus filhos e eu fui jogado para escanteio por que já sou idoso, com cabelos brancos”, disse ele em entrevista ao repórter Paulo Ricardo Sobral da TV Gazeta.
O preconceito contra os mais velhos também se repete em outras relações de consumo, como na hora de pegar um empréstimo ou aumentar o limite de um cartão de crédito. “Cada dia mais estão discriminando a pessoa idosa em razão da idade, sendo que a pirâmide etária está se invertendo”, avalia o coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Aposentados no Espírito Santo, Jânio Araújo.
O censo mais recente divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que a população brasileira está envelhecendo. Em 2010, os idosos representavam 7,4% da população total do país (14.081.477 pessoas). Já em 2022, a população idosa passou a representar 11% do total (22.169.101). O Espírito Santo acompanhou a média nacional e também teve um aumento no percentual dessa faixa etária. Foi de 7,1% (249.617) em 2010, para 11,2% (430.983) em 2022.
Também é considerado etarismo o preconceito com os mais velhos no mercado de trabalho, principalmente na hora das contratações e demissões. Ou quando o idoso vai ao médico acompanhado de um filho ou neto e o especialista se refere apenas a pessoa mais jovem, ignorando a presença do paciente.
“Por isso muitos idosos sentem que estão incomodando e passam a não quererem ir mais nos espaços. Isso faz com que eles se isolem e adquiram problemas de saúde mental como depressão e ansiedade”, disse a Coordenadora da Universidade da Pessoa Idosa da Universidade Federal do Espírito Santo, Monique Cordeiro.
Para estimular a interação dos idosos com os mais jovens e inseri-los no mundo tecnológico, a Universidade Federal do Espírito Santo oferece cursos destinados a pessoas com mais de 60 anos. Um dos cursos é sobre o uso de smartphones e outras tecnologias. A aposentada Dona Glória Dalpiero, de 76 anos, está matriculada há três meses e acredita que o curso fará ela ter mais liberdade. “Quero aprender a resolver a minha vida pelo celular, como os mais jovens”, disse ela com entusiasmo.
*Com informações do repórter Paulo Ricardo Sobral da TV Gazeta