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Se houve ameaça de desabastecimento de diesel, o governo deve agir, defende economista

“Se quiser saber quem está sabotando, é muito fácil saber. Os dados estão todos lá na ANP, afirmou Cláudio da Costa Oliveira, economista e ex-funcionário da Petrobrás, sobre o aumento recente dos preços do diesel e gasolina

Claudio da Costa Oliveira

O economista e ex-funcionário da Petrobrás, Claudio da Costa Oliveira, afirmou, nesta terça-feira (22), em entrevista ao HP, que o governo deve investigar se realmente houve ameaças de desabastecimento de óleo diesel por parte das empresas que comercializam o produto no Brasil. Há indícios de que os aumentos recentes nos preços da gasolina e do diesel foram consequência deste episódio, argumenta o especialista.

Ele lembrou que a FUP (Federação Única dos Petroleiros) denunciou recentemente que estaria havendo este tipo de chantagem. A ANP, segundo ele, é responsável pelo controle do abastecimento e pode facilmente enfrentar este problema.

Costa Oliveira parte do pressuposto de que o governo estaria sendo honesto ao afirmar que colocou um fim à política de paridade de importação na definição dos valores cobrados por seus derivados. Nesta condição, se houve boicote na venda de combustíveis como instrumento para pressionar pelo aumento dos preços, ele diz que é fácil detectar quem fez isso.

O economista afirma que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) acompanha todos esses dados. “Ela conhece os estoques de todas as distribuidoras que atuam no Brasil. E para onde está indo todo o combustível”, argumenta. “Então”, defende ele, “é muito simples. Tem que ir à ANP e levantar esses dados para saber quem é que está boicotando, chamar o Ministério Público e mover uma ação contra quem está fazendo isso contra os brasileiros”.

O economista cobra esta medida por parte do Planalto, já que o governo anunciou que tinha acabado com a política de paridade de preços de importação (PPI). “Não entendo porque não foi tomada esta providência até agora”, cobrou. “Parece até que não querem tomar as providências”, diz ele. “Se quiser saber quem está sabotando, é muito fácil saber. Os dados estão todos lá na ANP”, acrescentou Cláudio Oliveira.

O economista aponta ainda que há um lucro extremamente alto na comercialização do diesel no país. A verdade, diz ele, é que “hoje a Petrobrás produz um litro de diesel a um custo de R$ 1,30 e, com o aumento que nós tivemos recentemente, ela está vendendo esse mesmo litro de diesel das suas refinarias a R$ 3,80. Quer dizer, custa R$ 1,30 e está vendendo a R$ 3,80. Tem uma margem de mais de 190%”.

Ele questiona, “qual a empresa, qual a indústria no brasil tem esse tipo de margem?” “Isto é um absurdo”, diz o especialista. “Este lucro está indo para o consumidor brasileiro?”, indaga, e ele mesmo responde, que não. “O consumidor brasileiro está pagando por esse lucro astronômico, argumenta. “Quem está ganhando com isso são os especuladores em bolsa de valores e os importadores que podem trazer do exterior e vender aqui com muito lucro e tomando o mercado da própria Petrobrás”, denuncia.

Para corroborar o que diz o economista, o governo Lula vinha comemorando o fim da PPI e o próprio ministro de Minas e Energia havia garantido recentemente que não haveria desabastecimento. No dia 11 de agosto, em entrevista, Alexandre Silveira afirmou: “Tenho absoluta convicção que não haverá desabastecimento. Nós lutamos tanto para abrasileirar o preço dos combustíveis. Vocês aqui sabem o quanto que foi benéfico”, declarou.

A fala de Silveira se deu após a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), que é o cartel dos importadores, insuflar a mídia com seu levantamento feito de forma informal com distribuidoras de combustíveis, que reclamam de restrições na oferta pontual de diesel em algumas regiões do país, atrelando o problema à nova política de preços da Petrobrás.

Em entrevista a jornalistas, após o lançamento do novo PAC, Silveira disse que o abastecimento é o grande desafio do governo, mas o que “nós não vamos abrir mão, em hipótese alguma, é de que não haja abuso de preços ou que não haja pressão daqueles que estavam acostumados a ganhar muito e agora tiveram que se adequar a um mercado naturalmente competitivo de combustível”, criticou o ministro.

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