Cláudio da Costa Oliveira – 20 de agosto 2025
A – INTRODUÇÃO
No final da segunda grande guerra em Bretton Woods (1944), ficou estabelecido que o dólar seria a moeda de referência internacional, mas condicionado a ter uma paridade fixa em ouro (US$ 35 por onça Troy de ouro), ficando as demais moedas atreladas ao dólar e, indiretamente, ao ouro. Isto porque os EUA concentravam mais da metade do PIB mundial e detinham 2/3 das reservas de ouro da época.
Entretanto este modelo só durou até 1971, quando o presidente Richard Nixon suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro.
O dólar passou a ser uma moeda fiduciária como as demais, mas manteve a posição dominante no comercio e nas reservas globais devido ao poder econômico, militar e geopolítico dos EUA
B – GLOBALIZAÇÃO
Nesta condição o volume de recursos detido pelos americanos teve um crescimento exponencial e se tornou necessário encontrar formas de melhorar a remuneração deste capital.
Neste cenário, Ronald Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (Reino Unido) impulsionaram a agenda liberalizante: abertura comercial, desregulamentação e incentivo às empresas a buscar produção onde fosse mais barato (1980).
A globalização não foi só a transferência de fábricas para diversas partes do mundo (Asia, Mexico e outros países), mas a criação de um sistema financeiro tributário com base nos lucros extraídos destes mesmos países.
Os investimentos americanos foram fundamentais para a ascensão da China – desde as reformas de Deng Xiaoping.
C – O EFEITO “BUMERANGUE”
Foi o capital americano que deu o “empurrão inicial” no desenvolvimento chinês e asiático, via globalização.
Os EUA “criaram” a China moderna com a globalização, mas agora não aceitam dividir o poder que eles mesmos ajudaram a gerar.
Tentam desfazer a criatura que ajudaram a criar, porque perceberam que ela ameaça sua hegemonia.
A Rússia entra como parceira estratégica da China, oferecendo energia e apoio militar, reforçando o bloco alternativo.
Mas o maior problema está lá mesmo nos EUA.
A globalização gerou um movimento duplo. De um lado a produção foi deslocada principalmente para a Asia (China, Vietnam, Indonésia, Índia etc.), mas o lucro e o capital financeiro continuaram concentrados nos EUA.
Ou seja, a “fábrica” ficou no Oriente, mas o “cofre” permaneceu em Wall Street.
O capital financeiro americano enriqueceu como nunca acumulando fortunas trilionárias.
Mas a classe média americana produtiva perdeu emprego e renda.
Resultado: um descompasso -interno nos EUA – Wall Street vence, mas o trabalhador americano perde.
O império financeiro americano apátrida (fundos trilionários) não tem interesse em romper totalmente com a China, porque grande parte de seus lucros vem justamente de lá.
Já o Estado americano e o Pentágono querem conter a China a qualquer custo, por medo de perder hegemonia estratégica.
Isto gera um conflito dentro dos próprios EUA: Wall Street prefere acomodação e negócios, Washington fala em guerra tecnológica, sanções e até em conflito militar.
Existe também uma divisão política, com os Republicanos se posicionando mais ao lado de Washington, com seu MAGA (Make América Great Again), e os Democratas ao lado de Wall Street.
O problema poderia ser resolvido se os donos do dinheiro (Wall Street) aceitassem ceder parte de seus lucros para o desenvolvimento interno. Mas isto não está ocorrendo.
D – CONCLUSÃO
Vivemos então um grande impasse de um mundo tensionado.
Uma solução inusitada poderia vir através da descoberta de nova fonte de energia, desde que fosse limpa, abundante, constante e mais barata que a fóssil.
Mas este é o assunto para o próximo Fala Sério (Fala Sério 99)
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