Por Cláudio da Costa Oliveira – dezembro 2025
Durante séculos, a humanidade avançou passo a passo, movida quase exclusivamente pela força braçal — muitas vezes pela força de escravos. Algumas descobertas ajudaram a aliviar esse esforço, como o domínio do fogo e o uso da alavanca, mas a verdadeira virada só ocorreu no século XVIII, quando o carvão mineral passou a alimentar máquinas a vapor. Nascia ali a Revolução Industrial, a ruptura que mudou para sempre a história humana.
Depois do carvão vieram o petróleo e a eletricidade.
E com energia abundante, constante e barata, surgiu aquilo que viabilizou a indústria moderna: o aço.
É do aço que vêm os carros, os caminhões, os navios, os aviões, os eletrodomésticos — praticamente toda a infraestrutura que sustenta a vida contemporânea.
Hoje, a humanidade busca novas fontes de energia que sejam menos agressivas ao meio ambiente, mas que mantenham a tríade essencial: abundância, constância e baixo custo. Ainda não encontrou.
A indústria, especialmente a de transformação, aquela que gera empregos de maior qualidade, continua dependente do aço. E produzir aço de forma competitiva exige quatro pilares claros:
- Matéria-prima abundante e barata (carvão mineral e minério de ferro).
- Energia barata.
- Mão de obra competitiva.
- Tecnologia avançada.
Quando analisamos os números de 2023, vemos que, fora a China, os maiores produtores mundiais de aço foram, pela ordem: Índia, Japão, EUA, Rússia e Coreia do Sul.
Juntos, esses cinco países somaram cerca de 500 milhões de toneladas de aço.
A China, sozinha, produziu mais de 1 bilhão de toneladas — mais que o dobro de todos eles somados. É um domínio absoluto.
Diante dessa assimetria, a atual aproximação política entre Brasil e Estados Unidos abre uma oportunidade histórica: criar um eixo antagônico à expansão industrial chinesa.
Como? Por meio de uma Joint Venture estratégica para instalar, no norte do Brasil (Maranhão), uma mega siderúrgica com produção inicial de 50 milhões de toneladas por ano, combinando:
- Minério de Carajás, um dos melhores do mundo;
- Carvão mineral americano, abundante e barato;
- Tecnologia japonesa (Nippon Steel), entre as mais avançadas do planeta.
Seria um movimento capaz de reposicionar o Brasil como protagonista na produção de aço, agregando valor ao nosso minério e estimulando um ciclo industrial que jamais conseguimos completar.
Paralelamente, poderia — e deveria — ser retomado o projeto da Refinaria Premium, também no Maranhão, com capacidade de 600 mil barris/dia, abandonado no governo Dilma.
Somar a isso grandes projetos fotovoltaicos e eólicos criaria um ecossistema energético diversificado, robusto e capaz de atrair novos investimentos industriais.
Oportunidades verdadeiras são raras.
E quando o cavalo passa arreiado, não dá para ficar olhando.
É preciso montar.
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